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Conheça a trajetória de Terezinha Dozzi Tezza, educadora há mais de 50 anos em Porto Ferreira

Professora e Diretora, Dona Terezinha possui décadas de sala de aula nas escolas mais tradicionais de Porto Ferreira, sempre disposta e com o sorriso aberto para ensinar


Há mais de dois anos, acompanhamos pelo projeto Porto de Memórias a trajetória de vida de personalidades queridas de nossa cidade. Personagens populares, compartilhando exemplos de vida, causos e memórias de nossa terra. Em muitos momentos, também, abordamos e refletimos sobre questões importantes em nossa sociedade, como o meio ambiente, a saúde, a política e a educação.


Mais do que se deleitar ao passado, buscamos inspirações e esperanças para o futuro.

E falar de futuro é falar de educação. Por isso, penso neste texto, não em um aspecto biográfico apenas, mas sim, como um manifesto em louvor a Educação, aos valores que Ela abarca e depreende, ilustrado pela trajetória de vida de uma amante incondicional da escola e da sala de aula, Terezinha Dozzi Tezza, professora há mais de meio século.


Nascida na rua Matias Cardoso, número 412, Terezinha nasceu como Terezinha e não Tereza, como muitos pensam. Como muitos dos nossos, estudou seus anos iniciais no antigo Grupo Escolar Sud Mennucci e depois na Escola Washington Luís, onde concluiu após o Ginasial, a habilitação para o Magistério. Nascia aí uma longa história de amor.



Toda grande paixão, digna de literatura e cinema, não floresce antes de alguns percalços e desafios, com Terezinha não foi diferente. Seu pai preferia que fosse cursar Direito ou Costura ao invés da sala de aula, mas (a contra gosto), “preferi estudar”.


A professora Otília da Silva Silveira, a época diretora na escola Prof. José Gonso, queria que a jovem Terezinha iniciasse a carreira como professora, junto a ela no Gonso. Porém, seu pai não concordava muito com a ideia. Em meio ao embate, Dona Otília insistiu e ligava para Terezinha oferecendo aulas como substituta. Ela topava e saía da Exposição de Móveis, empresa familiar onde trabalhava, muitas vezes escondida para ir até a escola, dava aula e voltava para fechar a loja antes que alguém percebesse sua falta.


Do romance proibido, podemos extrair aqui uma grande qualidade de Dona Terezinha e mais, o primeiro dos três pilares elencados neste texto, como valores fundamentais para a Educação e para os educadores: Luta e persistência. A vida de Terezinha prova que em momento algum, faltou-lhe resistência e força.



A mulher firme e forte de hoje, se recorda da pequena Terezinha do passado, nos tempos do Sud, quando a professora Olímpia Teixeira, com sua tesourinha, passava em revista a tropinha de alunos para investigar o comprimento das unhas dos estudantes. “Ela pegava mãozinha por mãozinha da fila inteira. A gente comia no dente antes dela chegar”, com bom humor brinca ela. “Eu me lembro dela [Dona Olímpia] com muito amor”.


E aí vem outra grande e memorável qualidade de Dona Terezinha e o segundo pilar que fundamenta a Educação: a alegria e o amor. Haveriam inúmeras citações para compartilhar por aqui, mas vamos se ater a Paulo Freire e Rubem Alves. Para o primeiro, “a educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem”, para o segundo, “saberes e poderes são meios para viver. Sabores são razões para viver”.

Para ambos o afeto é indispensável e mais, a educação é instrumento para o fim maior, a autonomia, liberdade e felicidade do aluno, portanto, deve ser exercida com alegria e amor.



Antes de conhecer em um jogo de vôlei Wilson Augusto Oliveira, o Fazenda, que foi goleiro do Palmeirinha, seu primeiro namorado e com quem viria a se casar e viver por 48 anos, Dona Terezinha aproveitou a beça a infância. Ela mesmo, contando suas travessuras, se intitula de moleca. Uma das aventuras que se recorda, era a caçada aos pés de gabiroba, em uma região conhecida na época como matinha, para nós hoje o Jardim Primavera. “Eu ia lá chupar a bendita da gabiroba”.


A alegria da infância se preservou para a vida adulta, nem mesmo o azedo e o amargo na boca das gabirobas foram suficientes para deter o entusiasmo da mulher que tem a educação como missão e clareza sobre o papel e importância dos professores.


“Educação é tudo aquilo que a sociedade necessita para ela florescer. Isso é educação. Através da educação nós temos todos os segmentos da sociedade em formação. Eu acredito que o posto mais importante em cima desta terra é o professor”.

Para ela, se a educação é instrumento para a sociedade florescer, o que são então as flores? O alunos, ela responde. “Eles são flores do meu jardim - tem que ser regado!”. E a sábia professora Terezinha, ensinando como grandes mestres por meio de analogias e parábolas, completa: “O nosso jardim é a escola e nós somos os jardineiros e nós temos que cultivá-los para que eles deem sementes boas”.


“Uma nação só é próspera, só é forte se a educação for valorizada; nós temos que regar o jardim e eles, os nossos governantes, têm que dar condições para isso”. Estamos no campo semântico da jardinagem, da agricultura. Ninguém planta milho esperando que ele vá fenecer. Semear é sobre espera e esperança. Basta que haja condições adequadas, com técnica e com afeto. Aqui, caro leitor, temos mais uma das qualidades da Dona Terezinha, para mim a mais importante delas, e também, o terceiro e último pilar de sustentação da educação e que todo educador deve buscar construir: a fé e a esperança.

Ela encerra com um tributo a todos aqueles que contribuíram verdadeiramente com o propósito de ensinar, aqueles que souberam combater o bom combate, perseveraram, sempre com amor e alegria ao mais importante: o aluno; e em especial, aqueles que mantiveram a esperança e a fé em uma sociedade melhor fruto da educação.


“Eu não posso apontar, por que foram inúmeros ferreirenses, natos, nascidos, que fizeram a educação, que fizeram crescer essas escolas todas. Nós tivemos pérolas na educação de Porto Ferreira, pessoas fabulosas, pessoas que se doavam, professores que não se via reclamar, mas que se via aclamar a educação, levantar a educação”.


O projeto Porto de Memórias foi idealizado pelo ferreirense e jornalista Felipe Lamellas e se propõe a contar histórias de vida de personalidades marcantes para a cidade, conhecidas ou não. O objetivo principal é resgatar e preservar a memória da comunidade local, contando histórias, causos e lembranças de membros da sociedade, que se confundem com a própria história da cidade.




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