Conheça o legado de Valter Cortese, tradicional radialista esportivo da Primavera FM
- Felipe Lamellas
- 28 de out. de 2022
- 3 min de leitura
O Porto de Memórias apresenta a trajetória de um radialista aposentado, que cobriu jogos de várzea e campeonatos amadores pela rádio mais tradicional da cidade, a Primavera FM
Às vésperas da competição mais importante do futebol mundial, bem distante do Catar e de todo glamour e luxo que pouco a pouco invadiu os campos e transformou a realidade do esporte e, em alguns casos, o caráter dos atletas, o Porto de Memórias desta semana apresenta a trajetória de um radialista aposentado, que cobriu jogos de várzea e campeonatos amadores pela rádio mais tradicional da cidade, a Primavera FM.
Valter Cortese estudou na escola Washington Luís, e logo cedo começou a ajudar o pai no Armazém, anos depois adquiriu e passou a gerenciar uma mercearia. Uma das vozes mais marcantes da história da rádio ferreirense, conta que ingressou por acaso neste ramo. “Fui limpar o alto falante. Se deixar eu fico”. Valter lembra com carinho da figura de Jacir Brito Sales, o Tóti, segundo ele o grande responsável por sua carreira como radialista. “Eu devo tudo que eu sou a ele. Ele me jogou na fria, ele saiu e eu fiquei”.

Sobre o histórico alto-falante da Rádio Primavera que ficava na Praça Matriz, Valter conta que de notícias de falecimentos a paqueras, tudo passava por lá. “O povo pedia música a gente tocava, quando saia morte, era uma coisa incrível né, o povo parava para ouvir. Eu gostava, adorava. Até que sem querer parei na rádio”.
Ele se recorda do momento em que iniciou na Rádio Primavera FM, recém formada, local que passou bons anos e vivenciou grandes experiências. “Ali eu comecei no esporte”. O ano era 1962 e Valter Cortese realizou a transmissão dos principais eventos e campeonatos esportivos das décadas que se seguiram. ”Fizemos vários campeonatos”.

Valter conta ainda situações inusitadas que aconteceram com ele. Entre elas, a vez que uma confusão dentro de campo extrapolou os limites do gramado e chegou até a área destinada à imprensa. “O pessoal tacava pedra na gente”. Em outra recordação Walter conta que foi atingido por uma bolada na cara e quebrou o dente. “O dente saiu e agora? Encaixei ele de volta e fui radiar futebol”.
As melhores lembranças estão na atmosfera esportiva dos chamados anos dourados do esporte em Porto Ferreira, com a realização de campeonatos de várzea que arrebanham torcedores e curiosos para os campos espalhados pela cidade, como o do Areião, o do Salgueiro e o do Porto, “o mais importante”. “O futebol varzeano era aquela festa da família e o amador era o xodó do povo”.

Gols, lances e dribles não foram as únicas coisas narradas por Valter, nas horas vagas ele também participou voluntariamente das quermesses mais tradicionais da cidade, cantando o bingo. O convite veio do amigo Caetano Peripato.
“Aí comecei a brincar, aí a gente bagunçava o Coreto”. Entre os bordões mais famosos, ele destaca: “Loteria Esportiva Tupi; bate puxa estica e rasga 7, idade de Cristo 33; uma boa ideia 51”.
Por fim, ele destaca seu apreço e carinho pela cidade que sempre o acolheu. “Eu adoro Porto Ferreira, só saio daqui para morar lá em cima. Eu nunca saí do Porto”.
O projeto Porto de Memórias foi idealizado pelo ferreirense e jornalista Felipe Lamellas e se propõe a contar histórias de vida de personalidades marcantes para a cidade, conhecidas ou não. O objetivo principal é resgatar e preservar a memória da comunidade local, contando histórias, causos e lembranças de membros da sociedade, que se confundem com a própria história da cidade.
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