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Conheça a trajetória de Zilá Ribeiro, tradicional educadora de Porto Ferreira

Delegada a lecionar nas Escolas Rurais, comuns na época, Dona Zilá trabalhou na Fazenda Jaraguá, Capão Bonito e Brejão, além da Mansão de Jesus, Noraide Mariano e Sud Mennucci.


“Ensinar é um exercício de imortalidade.

De alguma forma continuamos a viver

naqueles cujos olhos aprenderam a ver

o mundo pela magia da nossa palavra.

O professor assim, não morre jamais.”

(Rubem Alves)


Ainda que se relute contra clichês ou romantizações que pouco agregam efetivamente no desenvolvimento da educação, é importante que se diga: ser professor é um sacerdócio. A expressão, apesar de bonita, revela mais desafios do que graças. Isso porque não se trata de luxos, glórias e conforto, mas sim de renúncias, abnegação e exemplo. Uma vez professor, sempre professor.


Em 15 de outubro comemora-se o dia dos professores, a data faz referência a um decreto de Dom Pedro I publicado nesse mesmo dia em 1827, que avançava a legislação educacional da época. O dia é dedicado também a Santa Teresa de Ávila, Doutora da Igreja Católica e padroeira dos professores. A freira carmelita do século XVI, é reconhecida pelo amor e paciência com que levou adiante sua missão e serviço.


Ide e levai a Educação a toda criatura. O professor é também um ser missionário, que chega aonde for preciso, para levar oportunidade e perspectiva. Dona Zilá Aparecida Bonilha Ribeiro, nascida na cidade de São Pedro, filha do farmacêutico Didi e da professora Izolina, carrega com sigo esta missão de vida.

A Professora Zilá, como é conhecida, casou-se com José Ramos Ribeiro, é mãe de José Eduardo, Vera Regina e Ana Lúcia e avó de Nathalia, Diego, Carol, Bruna, Juliana, e Gabriel e se define como uma amante da sala de aula.“Eu amo ser professora e catequista”.


Com apenas 5 anos de idade mudou-se de São Pedro para Santos onde estudou os primeiros anos do Primário em um Colégio de freiras, depois avançou para o ginasial e se graduou em magistério pelo Instituto de Educação Canadá.



Quando da visita de um tio seu a Santos, o conhecido Professor João Teixeira, ela recebeu dele o convite para lecionar em Porto Ferreira. “Venha imediatamente!”. Ela conta que chegou à cidade em meio aos festejos do carnaval, entre espanto e encanto, adotou a cidade naquele dia em diante. “Cheguei aqui numa terça feira de carnaval, é maravilhoso o carnaval aqui, adorei”.


Delegada a lecionar nas Escolas Rurais, comuns na época, na manhã da Quarta-feira de Cinzas iniciou os trabalhos na Fazenda Jaraguá, onde permaneceu por três meses até ir para o Pesqueiro Santa Helena, onde conheceu Dona Miroca e Seu Virgílio. O casal está marcado na memória da professora, recebida e acolhida por eles, no exercício do dever de levar educação a crianças e jovens, filhos de colonos, residentes de propriedades rurais afastadas da cidade. “Eu ia de caminhão de leite pra lá e daí na volta a dona Miroca me trazia de charrete”.


Passou pelo Capão Bonito, depois pelo Brejão, até se mudar para a cidade e começar a trabalhar na Escola Mansão de Jesus de seu Sidinei e dona Nilza Fares onde permaneceu por mais 5 anos. “A Nilza fez ensino integral lá na Mansão de Jesus”. Depois da experiência foi transferida para o Noraide Mariano e depois para o Grupo Escolar, sua melhor recordação. “Aí cheguei na minha escola querida, o Sud Mennucci".


Aspirando saudosismo, Dona Zilá se recorda com carinho de figuras que marcaram época, como Clarinha, Yone, Luci Ribaldo, Vera Gomes, Dito Ribaldo, Orlando Picolo, entre outros. Era uma turma tão boa, tinha energia aquela escola maravilhosa". Lá permaneceu por oito anos como professora e mais cinco como diretora. “Eu fui ser professora no lugar que Tio João era professor também”.



Com 27 anos de sala de aula, “giz na mão”, como prefere, Dona Zilá destaca com as experiências que teve nas escolas de fazenda. “Eu adorava a fazenda, eu sempre gostei muito, mas não entendia nada de fazenda - tive que aprender tudo”. E também a relevância do professor na vida especialmente das crianças. “A importância do professor é muito grande, a gente trabalha com criança. É fundamental, é como se fosse um espelho, o educador forma o aluno”.


Sobre a cidade que a acolheu Dona Zilá retribui com anos de dedicação e postura exemplar a missão de educar, seja onde for. “Eu vir aqui para Porto Ferreira foi uma benção de Deus, cheguei aqui com 18 anos, bem mocinha. Eu sou uma pessoa muito feliz e a felicidade que eu tive, foi aqui em Porto Ferreira”. E comenta sua opinião sobre o apel da Educação do futuro do país. “A educação é a coisa mais importante, enquanto o povo brasileiro não for educado, não há melhoria e isso se faz através da escola”.


O projeto Porto de Memórias foi idealizado pelo ferreirense e jornalista Felipe Lamellas e se propõe a contar histórias de vida de personalidades marcantes para a cidade, conhecidas ou não. O objetivo principal é resgatar e preservar a memória da comunidade local, contando histórias, causos e lembranças de membros da sociedade, que se confundem com a própria história da cidade.




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